segunda-feira, 14 de novembro de 2016

VEVA - Autora Verônica Moraes


Assunto é fé. Exatamente aquela que não se aprende ou se apresenta em forma alguma. Invisível em seu centro duro e majestosamente linda na sua profunda superfície, onde moram coragem de crer e medo bestial. Fé no terço, Buda, no Espírito Santo, em Iemanja, na força da lua, Oxalás, Chisna. São Jorge. Simbolicamente construídos a partir do invisível. Invocação da alma, que num momento extremo de amor se materializa em colo, conforto, segurança. Nunca houve dúvida da hipnose que sofro alegre em fé. Creio como escovo os dentes todos os dias, diversas vezes. Crer nessa espiritual atmosfera de símbolos e ausências, riem meus amigos cético, é não creditar suficiente poder a mim mesma. Heis que divido assim as glórias de certas conquistas com o supremo invisível, que se manifesta em água azul morna do mar, em abraços de amigos, em estrela cadente, em filosóficas risadas. Fé, que seja estupidez, que seja redenção, é assunto primeiro no escuro calado de nós.


Verdade que mensuramos absolutamente tudo. Do sofrimento ao sucesso, ao status, á saúde. Tudo matemática pura para situar/avaliar estágios ou mesmo modelos. Padrões prontos, agora é só classificar. Pena que mesmo na matemática, evitemos ou não, há as terríveis variáveis para o desassossego da estabilidade do padrão. E padrão é tudo que não defendo. Não compreendo. Se somos cromossomos únicos, digitais individuais, como poderíamos seguir - Leia imitar - o outro? Mas sou deveras radical no empenho de romper.
Acontece que visto roupa velha, macia, manchada e cuido da terra com as unhas cheias de areia. Trabalho todos os dias e ando descalça para o espanto e desaprovação de uns, que amam a austera padronagem mais que a franca cara liberdade.
Serei condenada á liberdade? Serei vítima dessa imprudente mania de rir dos modelos do esperado?
Serei eu até o fim? Bendito seja o batom carmim, o salto 15 e a calça jeans.
Não espero de mim a erudição nem completo silêncio. Não espero pouco, sabe? No entanto, aprendo lentamente a esperar



Dia desses, afobada com tantas pequenas e grandes coisas a fazer, essa lista de tarefas tem reprodução mitocondrial, deparei com um pensamento rebelde, tão indomável que atormentou o suficiente para me fazer escuta-lo. Ele dizia: "vá descansar". Assim, bem simples como se fosse possível. Acreditei. Chocada com minha resignação, percebi que oferecemos descanso e "modelo de vida".
Descobri exausta!! Lembrei de uma conversa com meu Paulo Andre Bione
exatamente sobre isso.
Por favor amores, descansem sempre 

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