Doce
Dora Doralice
Imensidão
no olhar
Cabelos
de algodão
De
sol a sol a malhar
A
doçura se espalha
É
que tem mel seu rezar
Sua
gaitada ecoava
Nos
campos ressequidos
A
plantar e a pescar
A
voz doce e os gemidos
Era
um enlevo pra alma
Contra
prantos ressentidos
Quantos
filhos gerou?
Sem
muito pra oferecer
O
que esperava deles
Se
não de dor perecer?
A
feira, terra, a pesca
De
onde tiravam o comer
Muitos
conheciam Dora
Por
aqueles secos campos
Suas
rezas e benditos
Soltos
por todos os cantos
Mulher
de riso largo
Nunca
aos desencantos
As
sertanejas fortes
E
essas são numerosas
Do
céu escolhem uma estrela
Dos
filhos são zelosas
Cuidam
da terra e sorte
As
Guardiãs prestimosas
As
paredes da casa
Eram
forradas de santos
Nem
cheguei a aprender
Os
nomes, pra meu espanto
Ali,
seu santuário
Tinha
magia e canto
Oh
! Dora Doralice
Mulher
mais encantada
Sempre
de bem com a vida
Longa
sua gaitada
O
azul do mar nos olhos
Seguia
sua estrada
Guardava
em seu baú
Lembranças
e nenhum mal
Ia
pro Juazeiro
Rezar
e coisa e tal Na fé e na oração
Tinha
a força vital
Se
trabalhava a terra
Ou
tecia algodão
Ouvia-se
o canto
Por
toda a vastidão
Pelas
terras desertas
Parecia
um furacão
Trabalhando
a dureza
Como
fosse um novelo
A
partir desse, teceu
Um
bonito modelo
Rezava
na região
Seguia
sem atropelo
O
eco da esperança
Saia
pela garganta
Ladainhas
e mantras
Faziam
dela uma santa
Tecia
redes, pescava
O
almoço e a janta
Aprendeu
o bem viver
Conhecia
o ensejo
De
buscar dentro do rio
Fazia
muito gracejo
Curimatã
e piabas
Sentia
por eles desejo
Seus
castelos de ventos
Minha,bendita
tia
Se
batia a dureza
Ficava
cinza seu dia
Depois
da tempestade
Voltava
a alegria
Desejo
de alimento
Sua
mesa tão pobre
Ser
sertaneja feliz
Ter
espírito tão nobre
Só
uma mulher encantada
Transforma
o barro em cobre!!
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