Nos
casamentos da roça
Isso foi
há muito tempo
O
costume era cobrar
A
“quota“ ao mais contentes
Dançar,
girar pela sala
Viver os
bons momentos
Primeiro
o dono da festa
Oferecia
os petiscos
Farofa,
galinha ou peru
Colocando
a fome em risco
Depois
do vinho, do bolo
Ninguém
mais ficava arisco
A partir
daquele instante
O quarto
se tornava o bar
Os
dançarinos com sede
Passavam
a bebida comprar
Sem
geladeiras na roça
Era
atrás do pote bebida pra gelar
Depois
do viva aos noivos!
O trio
começava a tocar
O povo
fazendo pirueta
Se via a
saia rodar
Alguns
contavam pabulagem
Aqui, só
eu sei dançar
Se a
moça era chamada
Pra
dançar aquela “parte”
E
negasse ao cavalheiro
Dançar,
mostrando sua arte
Até a
próxima música
Ficava
curtindo o descarte
Pela
madrugada a dentro
O povo
ocupava o terreiro
Molhavam
o piso de barro
Era
aquele aguaceiro
Dai
continuava a festa
Até a
música derradeira
La pela
madrugada
A
criançada com sono
Deitava
formando fileira
Ali no
maior abandono
Os pais
caiam na dança
Na dança
ninguém tinha dono
Já pra
os enamorados
A noite
passava ligeira
Ao
amanhecer do dia
Iam pra
baixo da mangueira
Chupar
mangas tão doces
Até
causava zonzeira
O tempo
passava e juntos
Construíam
uma dinastia
Filhos,
netos e bisnetos
Tinham
uma certa fidalguia
Quando o
sol não esturricava
E tinham
um invernia
Os cilos
então se enchiam
A roça
explodia em festa
Muitas
verduras e frutas
Não
tinham comida indigesta
O ano
corria feliz
Voltavam
a brincar sem arestas
Os anos
passavam velozes
Sentiam-se
realizados
Cada um
com suas rugas
Todos os
filhos criados
As novas
gerações assumiam
Com
orgulho o “cajado”
Fechando
essa história
É válida
uma reflexão
Família
é viga mestra
Para
haver sustentação
De uma
boa sociedade
Perpetuando
a criação
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