sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Catarina e Firmino




Nos casamentos da roça
Isso foi há muito tempo
O costume era cobrar
A “quota“ ao mais contentes
Dançar, girar pela sala
Viver os bons momentos

Primeiro o dono da festa
Oferecia os petiscos
Farofa, galinha ou peru
Colocando a fome em risco
Depois do vinho, do bolo
Ninguém mais ficava arisco


A partir daquele instante
O quarto se tornava o bar
Os dançarinos com sede
Passavam a bebida comprar
Sem geladeiras na roça
Era atrás do pote bebida pra gelar



Depois do viva aos noivos!
O trio começava a tocar
O povo fazendo pirueta
Se via a saia rodar
Alguns contavam pabulagem
Aqui, só eu sei dançar


Se a moça era chamada
Pra dançar aquela “parte”
E negasse ao cavalheiro
Dançar, mostrando sua arte
Até a próxima música
Ficava curtindo o descarte


Pela madrugada a dentro
O povo ocupava o terreiro
Molhavam o piso de barro
Era aquele aguaceiro
Dai continuava a festa
Até a música derradeira



La pela madrugada
A criançada com sono
Deitava formando fileira
Ali no maior abandono
Os pais caiam na dança
Na dança ninguém tinha dono


Já pra os enamorados
A noite passava ligeira
Ao amanhecer do dia
Iam pra baixo da mangueira
Chupar mangas tão doces
Até causava zonzeira


O tempo passava e juntos
Construíam uma dinastia
Filhos, netos e bisnetos
Tinham uma certa fidalguia
Quando o sol não esturricava
E tinham um invernia



Os cilos então se enchiam
A roça explodia em festa
Muitas verduras e frutas
Não tinham comida indigesta
O ano corria feliz
Voltavam a brincar sem arestas


Os anos passavam velozes
Sentiam-se realizados
Cada um com suas rugas
Todos os filhos criados
As novas gerações assumiam
Com orgulho o “cajado”


Fechando essa história
É válida uma reflexão
Família é viga mestra
Para haver sustentação
De uma boa sociedade
Perpetuando a criação




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